Um fazendeiro alvo da operação da Polícia Federal (PF) contra queimadas no Pantanal sul-mato-grossense está preso após o cumprimento de mandados de busca na casa dele nesta segunda-feira (14). Ele foi detido em flagrante por porte ilegal de armas e munição. O crime é inafiançável.
Na residência do produtor rural, na área urbana de Corumbá, os policiais encontraram duas pistolas, um revólver, 108 munições de uso permitido e 44 de uso restrito. Como o crime é inafiançável pela polícia, o fazendeiro foi para o presídio da cidade e aguarda audiência de custódia.
Na operação, a PF cumpriu 10 mandados de busca e apreensão. Dois em Campo Grande, dois na área urbana de Corumbá, onde foram apreendidos também documentos e celulares, 6 na área rural onde os policiais foram de barco, e conforme o delegado Alan Givigi, nada foi recolhido, mas perícias foram feitas e funcionários de fazendas ouvidos.
Conforme Alan Givigi, que coordena a operação, a PF chegou até os endereços alvos dos mandados após imagens de satélite indicarem onde o fogo começou. Depois disso, foram feitas investigações nos locais e tomados depoimentos.
A suspeita da PF é que o incêndio que destruiu a vegetação tenha começado a partir de fogo para transformar a área em pastagem para criação de gado.
Queimadas
Desde o início do ano, o Pantanal sofre com queimadas. Segundo os últimos dados divulgados pelo Ibama, são 2.349.000 hectares de áreas destruídas pelo fogo, sendo 1.259.000 hectares no Mato Grosso e 1.081.000 hectares em Mato Grosso do Sul.
O governo do estado decretou situação de emergência, a União reconheceu e a Defesa Civil faz um plano de trabalho para contratação de material humano e equipamentos.
No final de agosto, uma chuva forte deu fim a muitos focos na região de Corumbá e aliviou a fumaça que encobria a cidade. No momento, a situação é mais crítica no Parque Estadual das Nascentes do Taquari, em Costa Rica e Alcinópolis.
Uma força-tarefa foi criada para combater o fogo na região, que atinge a unidade de conservação e também fazendas.
“As investigações indicam que o fogo tenha sido colocado para depois transformar em pastagem. Você extrai a mata nativa, e aí fica a pastagem para o gado”, disse o delegado.
Conforme a PF, os suspeitos de colocar fogo na região poderão responder pelos crimes de dano a floresta de preservação permanente, dano direto e indireto a unidades de conservação, incêndio e poluição (Art. 54, da Lei no 9.605/98), cujas penas somadas podem ultrapassar 15 anos de prisão.
A operação foi denominada Matáá, que significa fogo no idioma guató, em referência aos índios pantaneiros Guatós que vivem nas proximidades das áreas atingidas.