Um morador de Juara e conhecido como “Guarda do Oscar Soares”, fez um pronunciamento emocionado sobre a crescente incidência de acidentes mortais na Rodovia do Jaú num dos grupo de whatsapp da cidade, que vale a pena ler.
Em um áudio divulgado recentemente, ele expressa sua indignação e tristeza pelas vidas perdidas, refletindo sobre as mudanças na região desde que a estrada pavimentada foi inaugurada. Essa indignação está sendo expressada também por outros moradores.
Miguel relembra os tempos em que a viagem para Juara levava de cinco a seis horas, um período marcado por dificuldades e desafios para os moradores locais. Com a pavimentação e melhoria da rodovia, o tempo de viagem reduziu significativamente, possibilitando deslocamentos de apenas 15 a 20 minutos até a Vila do Jaú. Em seu áudio, Miguel destaca a tendência perigosa dos motoristas de atingir velocidades excessivas – muitas vezes 120 a 150 km/h – uma prática que já resultou na perda de muitos amigos. Ele aponta que o asfalto “convida você para acelerar”, mas enfatiza a importância da consciência ao dirigir veículos potentes.
O morador relembra os primeiros dias na região, e as mudanças desde então, como a chegada da energia elétrica e outras facilidades modernas. Para ele, embora o progresso tenha trazido conforto, também acarretou novos perigos.
Miguel conclui seu depoimento com uma mensagem de condolências às famílias das vítimas dos recentes acidentes, refletindo sobre a possibilidade de que algumas dessas vítimas pudessem ser conhecidos de longa data.
Seu relato é um apelo à reflexão sobre a responsabilidade e segurança no trânsito, além de uma homenagem àqueles que perderam a vida na rodovia. Segue abaixo a transcrição do áudio publicado em redes sociais que a reportagem da Rádio Tucunaré destaca como importante alerta a toda a comunidade:
“Rodovia do Jaú, hoje não é mais a Rodovia do Jaú, é Rodovia da Morte. Há 12, 13, há 19 anos atrás, nós gastávamos para vir na cidade, cinco, seis horas para poder chegar em Juara. Hoje, muita gente, muita gente, com os seus veículos, autos motores, não é aquele pessoal que morava naquela região, que sofreu muito, muito para poder chegar aqui em Juara. Hoje, anda aí com 15, 20 minutos até na Vila do Jaú. E eu falo para vocês uma coisa, eu gastava quase 4 ou 5 horas para me chegar lá. Hoje, as pessoas montam numa motocicleta ou num carro e andam aí a 150, a 120 km por horas para poder chegar no Jaú com 15, 10, 20, 30 minutos. Perdemos vários amigos já. Hoje eu tô na cidade, mas eu fui criado aí nessas região do Jaú aí, e eu falo uma coisa para vocês, o asfalto convida você para acelerar, mas porém, você tem que ter consciência de que aquilo que você está pilotando ou dirigindo é um automotor com vários cavalos de potência. E aí fica a minha indignação, fica a minha revolta e fica o meu repúdio. O estrada do Jaú, aí 1997, 1983, quando nós chegamos nessa região aí, o Afonso Vassele, que tinha uma máquina de arroz, beneficiária de arroz lá nessa cidade, nessa cidadania, patrimônio. E hoje as pessoas não vê, mas não enxerga todas as dificuldades que nós passamos e que é andar a 100, 150 por hora, sabendo que todo mundo chega no momento certo, na hora certa. Aqui fica aí um desbravador da região do Jaú, 1983 eu, o Miguel, mais conhecido, guarda do Oscar Soares, nós trabalhava nas fazendas aí e nós tinha que vir pra cidade pra poder fazer uma compra, nós demorava 4 ou 5 horas pra chegar na cidade. Hoje todo mundo com as suas caminhonetas, com alta potência, chega nas fazendas, lá sê foi toda a sua estrutura, antes só tinha energia no colégio e aí na vila. Hoje todo mundo tem, e eu falo uma coisa pra vocês que isso aí é de prioridade de cada um, é uma coisa que todo mundo tem que ter mesmo, conforto na sua casa, na sua fazenda, no seu sítio. Antes nós não tínhamos, mas hoje é uma coisa que todo mundo tem e eu falo a verdade pra vocês, eu repudio essa velocidade que essas pessoas consomem nessa via, perdi vários amigos meus nessa, tão longe o asfalto novo que liga Juara. Grande abraço, fica aqui, meus pesamos a todos os familiar dessa pessoa que eu não conheço ainda né, de repente a gente está falando aqui, mas de repente é um amigo que a gente conhecia há tanto tempo. Mesmo assim, minhas condolências a todos os familiar.”