A Secretaria Municipal de Saúde de Juara através da Secretaria Maysa Figueiredo e Secretária Adjunta Midia Rissoti anunciou, em entrevista ao vivo na Rádio Tucunaré na manhã da última sexta-feira, 14 de novembro, que os exames de biópsias e demais amostras de análises patológicas estão regularizados, e que um novo fluxo para exames de imagem está em implantação e que o município se prepara para executar o programa “Fila Zero”, com previsão de mais de 500 procedimentos cirúrgicos e exames especializados, visando reduzir a demanda represada de até dois anos.
A gestão também aposta em novos recursos financeiros, ampliação de serviços, uso de QR Codes para contato direto com a regulação e reforço nas campanhas de vacinação para evitar o retorno de doenças já conhecidas.
Durante o quadro de entrevistas do Repórter Tucunaré, a secretária de Saúde Maísa Figueiredo e a secretária adjunta Midiã Rissoti explicaram que, após o problema identificado com amostras de biópsias, foi implantado um POP (procedimento operacional padrão) na unidade hospitalar, em parceria com a enfermeira responsável técnica, além da organização de um fluxo específico no Ambulatório Médico Especializado (AME).
Hoje, as coletas feitas no Hospital Municipal e no AME são acondicionadas em frascos adequados, com datas e identificação corretas, e encaminhadas em dias fixos ao laboratório responsável. Segundo a gestão, todos os exames que haviam ficado retidos já foram enviados e seus laudos estão disponíveis para retirada. Pacientes que coletaram material no hospital devem procurar o próprio hospital, quem coletou no AME deve procurar o ambulatório especializado, e os exames citopatológicos podem ser consultados diretamente na unidade básica de saúde.
Em relação aos exames de imagem, como ressonância, tomografia e colonoscopia, Maísa explicou que a mudança de perfil de atendimento em Cuiabá e na regulação estadual criou um acúmulo de solicitações, resultando hoje em três filas paralelas: a fila que ficou parada quando o serviço foi devolvido de Cuiabá, a fila do Estado e a fila organizada pelo próprio município de Juara. Nesta última, são adotados critérios de prioridade para liberar exames no âmbito municipal, com preferência para urgências, idosos, cadeirantes, gestantes e pacientes oncológicos.
Midiã ressaltou que, muitas vezes, o paciente se sente esquecido, mas, ao procurar a regulação e explicar sua situação, a equipe consegue reavaliar o caso e antecipar o atendimento conforme a gravidade.
Questionada sobre informações repassadas pelo vereador Luciano Oliveto, de que o prefeito Ney da Farmácia teria pedido a diminuição do número de exames de ultrassom e de imagem, Maísa negou que exista orientação para reduzir acesso e esclareceu que a cobrança do prefeito é por eficiência e eficácia na solicitação. Segundo a secretária, está em implantação um protocolo para pedidos de exames, definindo quais exames o médico clínico pode solicitar e em que situações o paciente deve ser encaminhado ao especialista para evitar pedidos duplicados e exames de alta complexidade sem real necessidade. A ideia, segundo ela, é organizar o fluxo, diminuir pedidos desnecessários, encurtar filas e garantir que quem realmente precisa seja atendido com mais rapidez.
Outro ponto abordado foi o uso correto da rede de atendimento. As secretárias reforçaram que o Hospital Municipal deve ser referência para urgência e emergência, enquanto as dores e sintomas menos graves devem, em primeiro lugar, ser encaminhados às equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) e ao Centro de Saúde com horário diferenciado, o Centro Frater Lucas. Nesse local, o atendimento funciona como unidade básica durante o dia, com consultas agendadas e encaixes, e a partir das 17h passa a receber livremente a população que não conseguiu atendimento no horário normal, absorvendo casos que antes lotavam o pronto-socorro. Segundo Maísa, após essas mudanças, as reclamações de demora no PS diminuíram e o atendimento está mais organizado, seguindo o protocolo de classificação de risco de Manchester, que prioriza casos mais graves.
Sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a secretária lembrou que Juara não apresenta, neste momento, índices altos de dengue, graças ao trabalho contínuo da Vigilância Ambiental e dos agentes comunitários de saúde ao longo do ano, mas alertou que isso não significa que a população possa relaxar.
A chikungunya, por exemplo, tem deixado sequelas importantes, com dores articulares que podem durar até cinco anos, especialmente entre idosos. As gestoras adiantaram que, até o fim do mês, devem ser anunciadas novas ações de combate, com planejamento de coleta de lixo, visitas domiciliares e fiscalização em comércios que armazenam pneus e outros materiais que acumulam água.
Na área de financiamento, Maísa e Midiã informaram que a Secretaria de Saúde deve contar, entre recursos federais e estaduais extraordinários, com um montante estimado em cerca de 10 milhões de reais, fruto de articulações do prefeito Ney da Farmácia e do vice-prefeito Léo Boy em Brasília, além das emendas impositivas municipais. Esses valores, somados, serão usados para implantar novos serviços, contratar profissionais e ampliar a oferta de exames e cirurgias. Entre as ações já encaminhadas estão a vinda de uma carreta do Ministério da Saúde, o credenciamento de novos serviços via consórcio, a construção e credenciamento da unidade de PSF do Jardim América e a compra de equipamentos para as unidades de saúde.
Atualmente, o município já oferece atendimento em especialidades como ortopedia, obstetrícia, cirurgia geral e, mais recentemente, endocrinologia. Apesar do esforço para atrair especialistas de fora, a Secretaria relatou um problema recorrente: o alto índice de faltas em consultas previamente agendadas.
Em um único dia de atendimento com otorrinolaringologista, por exemplo, sete pacientes não compareceram. Maísa e Midiã fizeram um apelo direto à população para que respeite os horários, compareça às consultas ou avise com antecedência se não puder ir, de forma que as vagas possam ser repassadas a quem está na lista de espera.
A secretária adjunta se comprometeu a levantar e divulgar dados sobre o número de consultas ofertadas e o índice de faltas para conscientizar a comunidade.
Como forma de facilitar o contato com o serviço público de saúde, a Secretaria anunciou a criação de QR Codes específicos para a regulação de passagens e agendamentos e para a recepção da Secretaria de Saúde. Esses códigos, quando apontados pela câmera do celular, direcionam diretamente para o WhatsApp dos setores responsáveis. A expectativa é espalhar os QR Codes em todas as unidades de saúde, na Prefeitura e, se possível, em supermercados e outros pontos de grande circulação, para que o cidadão não precise mais procurar telefone de servidor ou depender de contatos pessoais para resolver pendências.
Na área de imunização, Maísa destacou que, apesar de não haver, até o momento, casos de sarampo confirmados em Juara, a procura pela sala de vacinas ainda é considerada baixa para um cenário seguro. Depois da pandemia de Covid-19, muitas pessoas perderam o hábito de atualizar o cartão de vacinas, tanto de crianças quanto de adultos. O município oferece horários estendidos: às quartas-feiras, o Centro de Saúde atende para vacinação até as 19h, e aos sábados, em sistema de rodízio, sempre há uma unidade aberta até 13h. A ESF Rural também percorre as comunidades do campo levando as vacinas, mas a adesão ainda é considerada insuficiente, influenciada por boatos e medo de possíveis efeitos colaterais. Durante a entrevista, foi reforçada a importância das vacinas de rotina, incluindo a de herpes zóster para quem teve catapora, e lembrado que a vacina contra Covid-19 continua disponível nas unidades, como parte da rotina, embora a procura esteja baixa.
As secretárias também explicaram detalhes do programa “Fila Zero”, iniciativa do Governo do Estado de Mato Grosso que permite aos municípios apresentarem projetos para reduzir a demanda reprimida de exames e cirurgias reguladas. Segundo Maísa, Juara já foi beneficiada nos anos de 2023, 2024 e parte de 2025, por meio do consórcio, com realização de diversos exames e procedimentos. Agora, com um novo projeto elaborado diretamente pelo município e com apoio de uma emenda parlamentar da deputada Janaína, no valor de 500 mil reais, Juara deverá ter acesso a um total aproximado de 9 milhões de reais para custear cirurgias em várias especialidades e exames de imagem, focando principalmente nos pacientes que aguardam há mais tempo. A previsão é de mais de 500 procedimentos, com seleção dos casos do mais antigo para o mais recente, justamente para “limpar a fila” e permitir que os novos pedidos sejam atendidos com mais rapidez.
Para que o programa comece efetivamente, é necessário concluir o credenciamento de prestadores de serviços especializados, processo que é conduzido pela Prefeitura. Após a habilitação das empresas participantes, a Secretaria de Saúde iniciará a convocação dos pacientes, que precisarão atualizar exames, documentação e laudos. Maísa frisou que todo o recurso será rigorosamente faturado e prestado contas ao Estado, com registro de valores, tipos de procedimentos, pacientes atendidos e demais controles exigidos pela legislação.
Ao tratar de críticas sobre a falta pontual de medicamentos básicos na farmácia municipal, a secretária explicou que o principal obstáculo está na burocracia dos processos licitatórios. Como o município é obrigado a realizar pregões eletrônicos, muitas empresas de outros estados vencem as licitações, mas atrasam a entrega dos produtos, mesmo com planejamento prévio. Nesses casos, a Prefeitura precisa notificar formalmente a empresa, aguardar prazo de defesa, aplicar possíveis sanções e, só então, acionar o próximo fornecedor ou realizar nova compra, o que prolonga o desabastecimento. Maísa informou que Juara está com uma grande licitação em andamento para aquisição de vários tipos de medicamentos, não apenas da farmácia básica, com a intenção de iniciar 2026 com a situação regularizada. Ela comentou ainda a expectativa em torno de uma possível modernização federal do sistema de compras públicas, com criação de um portal de fornecedores já credenciados para a área da saúde, o que poderia agilizar bastante o atendimento às necessidades dos municípios.
Ao final da entrevista, as duas gestoras reforçaram que, mesmo com o crescimento da cidade e o aumento natural das demandas, a orientação é seguir investindo em prevenção e acompanhamento rotineiro nas unidades básicas de saúde, especialmente para hipertensos, diabéticos e demais pacientes crônicos, evitando que cheguem aos serviços de urgência com quadros graves, como AVC.
Maísa e Midiã agradeceram o espaço concedido pela Rádio Tucunaré, afirmaram que novas entrevistas serão realizadas para atualização da população sobre o andamento do programa Fila Zero e outras ações da Secretaria e pediram a colaboração dos cidadãos, tanto na adesão às vacinas e consultas quanto no uso responsável dos serviços de saúde.





































































