Intercâmbios fortalecem potencial da certificação orgânica para indígenas de MT iniciou em Juara

Assessoria de Comunicação da ICV.org.br

Dois intercâmbios entre povos indígenas realizados pelo Instituto Centro de Vida (ICV) marcaram as ações da Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (Repoama) no mês de junho.

A primeira atividade foi realizada na Terra Indígena Apiaká Kayabi, em Juara, nos dias 3 a 5. A ação contou com a participação de representantes do povo indígena Rikbaktsa (Terra Indígena do Escondido), que explicaram os mecanismos do Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Repoama aos povos Apiaká, Kayabi e Munduruku.

Já a segunda ação foi realizada nos dias 10 e 11 em Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes. O ICV promoveu a troca de experiências entre mulheres indígenas e agricultoras familiares da Repoama. Ambos os grupos discutiram estratégias de estruturação e gestão de organizações administradas por mulheres.

SPG

O SPG é um dos principais mecanismos que possibilita a certificação orgânica junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O selo orgânico, dentre outros pontos, garante que as produções da agricultura familiar são livres de agrotóxicos e agrega valor no momento da comercialização.

A entrada recente dos Rikbaktsa na Repoama favoreceu o contato deste povo com os mecanismos necessários para certificação da coleta de castanha em seus territórios. E essa experiência foi apresentada aos indígenas Apiaká, Kayabi e Munduruku.

“A ideia foi fazermos uma troca de experiências sobre o SPG e as formas que existem para certificar produtos tanto do extrativismo quanto outros produtos que possam vir das roças e comunidades das terras indígenas”, disse o analista socioambiental do Programa de Economias Sociais do ICV, Rodrigo Marcelino.

Para o cacique Roseno Rikbaktsa, o diálogo com os demais povos indígenas foi uma oportunidade de levar para mais comunidades a importância da certificação nas produções da agricultura familiar e do extrativismo. “Participamos do intercâmbio de boas práticas pela Repoama. Foi muito importante a gente falar sobre nossa produção, sobre a coleta dentro da nossa comunidade, na nossa área”, apontou.

Contemplado pela iniciativa, Erivelton Munduruku destacou que a implementação das práticas sustentáveis dentro da produção já realizada favorecerá a segurança financeira da comunidade.

“A gente acredita muito que essa organização vai ajudar as pessoas da nossa comunidade que têm esse trabalho essencial não só para a sobrevivência, mas também para a geração de renda desses produtos que são produzidos. Acredito que a Repoama pode fazer essa ponte entre as comunidades indígenas e o mercado lá fora”, afirmou.

Justiça de gênero

O fortalecimento de sistemas alimentares saudáveis, justos e regenerativos, a exemplo das produções executadas na Repoama, depende sobretudo de mecanismos que garantam a justiça de gênero na divisão de tarefas e ganhos.

A estruturação e engajamento de organizações formadas e chefiadas por mulheres é, portanto, uma das formas de potencializar a equidade de gênero na agricultura familiar.

“As organizações comunitárias, como os grupos de mulheres, se tornam fortes na medida que podem averiguar os resultados que estão dando certo a partir de suas práticas nos trabalhos coletivos”, disse a analista socioambiental do Programa de Economias Sociais do ICV, Benedita Mendes.

Os principais ganhos da troca de experiência também foram detalhados por Rosângela Santos da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Artesãs de Nova Monte Verde (Amuverde).

“A troca de experiência foi importante porque muitas coisas que a gente sabe elas [mulheres indígenas] não sabiam. E o contrário também. Muitas coisas que a gente não sabia elas sabiam. Então, por meio do diálogo, da conversa, a gente aprendeu como fazer e ensinou também”, disse.

Para Janice Rikbaktatsa, a discussão sobre organizações lideradas por mulheres fortaleceu o senso de empoderamento feminino e garantiu que as pessoas envolvidas no diálogo pudessem se enxergar como possíveis lideranças dentro de suas comunidades.

“Sozinhas não conseguiremos ir a lugar nenhum, mas se dermos as mãos e falarmos que queremos determinada coisa, sei que temos o potencial de ir. Então, acho que como mulheres temos que ter a autonomia de ter nossas próprias vozes, porque podemos chegar bem longe com nosso grupo”, disse Janice Rikbaktatsa.

Fonte: Assessoria de Comunicação da ICV.org.br

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